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fev 06

Vida e Morte – a eterna dança da transformação

Temos uma dificuldade muito para lidar com a morte porque não conseguimos perceber que ela se faz presente o tempo todo em nossa vida! A morte enquanto transformação, enquanto processo de crescimento e evolução – só deixando morrer o que não nos cabe mais (nosso corpo infantil, nossas ilusões, um pensamento mais rígido, uma situação…) que podemos abrir espaço para o novo – uma nova configuração, um novo sentido, uma nova forma de ser.

Quanto mais nos apegamos ao que deixou de existir, ou ao que não tem mais espaço na agenda diária, mais fixados e neuróticos ficamos, mais rígidos e limitados em nossas percepções de mundo.

É preciso abertura para que o mundo aconteça, para que as vivências sejam acolhidas pelo nosso ser, e assim vamos nos transformando, rumo à nossa individuação.

Vida e morte se entrelaçam na dança da transformação, na geração de novos caminhos, na força da criatividade, em cada escolha efetivada, em cada desafio da vida, em cada passo da jornada.

Você é a mesma pessoa que foi ontem? O que mudou? O que morreu em você para dar vida a novas possibilidades?

Para continuarmos refletindo sobre essas questões, um vídeo que mostra o início da vida e todas as transformações presentes nos nove meses de gestação. O início que se dá pela morte/transformação do espermatozoide e do óvulo, para a formação do ovo. Morte e vida que se encontram no incessante processo de evolução humana. Diante desse fato, gosto muito da visão poética apresentada por Rubem Alves em seu texto “A morte como conselheira”. Alguns trechos:

“É companheira silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos aterrorizar, dizendo sempre a verdade e nos convidando à sabedoria de viver.

O que ela diz? Coisas assim:

“Bonito o crepúsculo, não? Veja as cores, como são lindas e efêmeras… Não se repetirão jamais. E não há formas de segura-las. Inútil tirar uma foto. A foto será sempre a memória de algo que deixou de ser… E esta tristeza que a beleza dá? Talvez porque você seja como o crepúsculo…. É preciso viver o instante. Não é possível colocar a vida numa caderneta de poupança…”

(…)

Na verdade, a Morte nunca fala sobre si mesma. Ela sempre nos fala sobre aquilo que estamos fazendo com a própria Vida, as perdas, os sonhos que não sonhamos, os riscos que não tomamos (por medo), os suicídios lentos que perpetramos.

(…)

Acho que para recuperarmos um pouco a sabedoria de viver seria preciso que nos tornássemos discípulos e não inimigos da Morte. Mas para isso seria preciso abrir espaço em nossas vidas para ouvir a sua voz. Seria preciso que voltássemos a ouvir os poetas….”

E agora, o vídeo:

 

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