Já parou para pensar em quantas coisas guardamos dentro de nós mesmos? Memórias, desejos, projetos, medos, sonhos… a lista é grande, e ter acesso a ela muitas vezes é dolorido. Mas deixar de olhar pode ser pior, pois perdemos a chance de nos enxergarmos como realmente somos, de nos vermos mais inteiros, inclusive reconhecendo nossas fraquezas. Só assim, buscando a integração da nossa luz e nossa sombra, de nossa coragem e nosso medo, daquilo que conhecemos com o desconhecido, é que poderemos ter vivências mais autênticas, escolher com nossa alma e não com um protocolo social, nos sentirmos livres para assumir o comando da nossa vida e cuidar amorosamente de nossa existência.
O grande problema é que geralmente não estamos dispostos a vasculhar as gavetinhas escondidas de nossa alma. Guardamos tão bem guardadas algumas coisas, que perdemos a pista de como chegar novamente lá. Guardamos porque temos medo do julgamento do outro, porque aprendemos que não podemos nos comportar assim ou assado, guardamos porque nos condicionamos a determinados padrões (familiares, culturais, sociais) que anulam o nosso modo de ser em nome de um “bem comum”.
Enfim, chega um momento na vida em que é urgente olhar para todos esses cantinhos de nosso ser e desentulhar memórias, dar outros destinos para certos sentimentos, redescobrir sonhos, acolher fraquezas e desapegar de tudo que carregamos, mas nesse momento, reconhecemos que não é nosso. É o momento de nos sentirmos mais leves, pois não carregamos mais aquilo que não nos pertence. É o momento de escutarmos mais o nosso coração e menos o barulho lá de fora. Aprendi, há pouco, que para os chineses, a mente reside no coração. Isso significa que só podemos fazer algo realmente sensato quando escolhemos com o coração e não só com a razão, como prega o nosso discurso ocidental.
Então, vamos ficar mais perto de nosso coração, de forma consciente, buscando a integração cada vez mais ampla do mundo que pulsa abaixo do que mostramos e do que queremos mostrar. Tem muita riqueza escondida dentro de nós mesmos. E para encontrarmos essa riqueza, é preciso paciência e determinação para trilharmos o caminho do autoconhecimento. Com certeza, é uma das jornadas mais lindas de nossa vida!
2 comentários
Nívia
29 de novembro de 2017 às 19:07 (UTC -3) Link para este comentário
Que texto incrível Anna!
Helaine
26 de agosto de 2019 às 10:04 (UTC -3) Link para este comentário
Querendo muito vasculhar as gavetinhas escondidas!