Um breve passeio pela Filosofia

 

 

Como todos sabem, a Psicologia Existencial é a que mais se aproxima da Filosofia. Por isso, resolvi compartilhar um material muito interessante que encontrei guardado em uma pasta esquecida num cantinho do armário. Esse material consiste em um breve comentário sobre o pensamento de alguns filósofos, seguindo uma ordem cronológica até os dias de hoje.

 

Completei os comentários com a indicação de alguns links, nos quais você encontrará outras referências bibliográficas, caso queira se aprofundar no assunto.

 

Ouço muitos alunos de Psicologia ‘reclamarem’ da matéria Filosofia e, por isso, gostaria de pontuar a importância de estudarmos os temas filosóficos e seus pensadores, ao longo de nossa história. Todo conhecimento se dá a partir de uma perspectiva filosófica que norteia o seu surgimento e se constitui no alicerce das teorias que hoje temos acesso. Mas como alicerce, não está à mostra. Porém não podemos duvidar de sua sustentação!

 

Quem se aproximar da Filosofia e estiver disposto a mergulhar em sua trama de pensamentos, logo perceberá que a história da Psicologia se confunde com o próprio caminho da Filosofia.

 

Entender a Filosofia nos oferece um rico conteúdo para compreender o que vem a ser a Psicologia. Disto, eu não tenho dúvida!

 

Antes de apresentar o material, gostaria de dizer que ele é apenas um pequeno recorte da diversidade que compõe a Filosofia. Em outro texto, escreverei mais especificamente sobre os filósofos que contribuíram para o pensamento existencial e seus desdobramentos na Psicologia.

 

 

Tales de Mileto

 

De que é feito o mundo? Se você já se fez essa pergunta, há algo em comum entre o seu raciocínio e o do grego Tales de Mileto, tido como ‘criador’ da filosofia. No século 6 a.C., Tales buscava descobrir de onde vinham todas as coisas da natureza e concluiu, em suas observações, que a água era a origem de cada pedacinho do Universo.

 

Para saber mais… http://www.euniverso.com.br/Psyche/Filosofia/Tales_de_Mileto.htm

 

Os Sofistas

 

Eles fugiam das verdades absolutas tal como o diabo foge da cruz. Não que ‘diabo’ e ‘cruz’ fossem conceitos conhecidos pelos sofistas, pensadores do início do século 5 a.C. Mesmo que o céu e o inferno fossem certos como 1+1=2, os sofistas não ligariam tanto, afinal, a verdade imutável dos números é importante, mas tem pouco valor diante das palavras. Para eles, retórica e poder de convencimento eram conhecimentos essenciais e, por isso, comercializáveis – foram os primeiros professores pagos da História.

 

Para saber mais… http://www.mundodosfilosofos.com.br/sofistas.htm

 

Sócrates

 

Está aí um homem que jamais ousaria vender seu conhecimento, até porque, afirmaria Sócrates (469-399 a.C.), a virtude não tem preço. Este filósofo conviveu com os sofistas, mas acreditava apenas nos ensinamentos gratuitos. Não à toa, qualquer cidadão grego poderia encontra-lo em praças públicas travando diálogos provocativos – sua famosa dialética – com quem se propusesse a tamanha aventura. Para uns, sabedoria demais. Para outros, pura arrogância.

 

Para saber mais… http://www.mundodosfilosofos.com.br/socrates.htm

 

Platão

 

Tudo está em constante transformação e, ao mesmo tempo, nada muda. Parece contraditório? Para Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates, isso é o mais próximo da verdade a que se pode chegar. É que o mundo concreto (e mutável) e o mundo das ideias (e abstrato) coexistem e, por isso, as sensações de movimento e estagnação são também reais e concomitantes.

 

Para saber mais… http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o

 

Aristóteles

 

Todo ser humano pensa. Você é um ser humano. Logo, você pensa. Certo? A dedução simples e óbvia, chamada silogismo, é uma das táticas usadas por Aristóteles (384-322 a.C.) para explicar o universo ao seu redor. Para ele, o raciocínio lógico, o mesmo utilizado por Tales de Mileto para concluir que tudo era feito de água – bastaria para validar ou derrubar qualquer teoria.

 

Para saber mais… http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles

 

Os cristãos

 

Quando o cristianismo avançou em plena Idade Média, a razão dos pensadores clássicos, como Platão e Aristóteles, uniu-se à nova doutrina religiosa. Como? Bem, para começar, Santo Agostinho (354-430) recorreu à consciência moral de todo indivíduo para provocar o homem e reconhecer sua natureza corrompida e, portanto, dependente da salvação divina. Em seguida, os escolásticos, como São Tomás de Aquino (1225-1274), disseram: ‘calma lá, fé e razão devem caminhar juntas; assim, levam ao conhecimento e, logo, ao encontro de Deus’. Teologia e filosofia deram as mãos. Coerente ou inviável? Basta escolher. Nietzsche vai refutar com gosto cada teoria cristão, enquanto Rousseau vai abraçar algumas dessas ideias.

 

Para saber mais…

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino

 

Maquiavel

 

Sai Deus, entra o homem. Posto fim à Idade Média e ao teocentrismo, o Renascimento vem como promessa de libertação, mas esbarra no autoritarismo dos governantes absolutistas. Nicolau Maquiavel (1469-1537), conhecido como príncipe da filosofia, é um dos primeiros a dizer que a política do Estado deve assegurar o bem-estar de toda a nação, mesmo que para isso seja necessário usar a força. É dele a famosa frase ‘os fins justificam os meios’.

 

Para saber mais… Leia “O Príncipe”

 

Rousseau

 

Ele bem que tentou, mas não conseguiu se desvencilhar da crença em Deus. Para Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), a moral divina (e não religiosa) era tão inerente ao homem quanto a liberdade. Aliás, segundo este filósofo iluminista, o indivíduo nasce tão livre que, para conviver em sociedade, é preciso um pacto de confiança – o chamado Contrato Social – uns com os outros. Só assim, o uso da força para submissão do homem pelo próprio homem perde a validade e cria-se um Estado onde soberana é a vontade de todos.

 

Para saber mais… Leia “Do Contrato Social”

 

Adam Smith

 

Bastaria colocar Adam Smith (1723-1790) lado a lado com Maquiavel e teríamos uma discussão filosófica sem fim. Cerca de dois séculos impediriam este encontro, mas não evitariam a mudança que Smith pôs em curso: rompendo de uma vez com qualquer teoria absolutista, criou o chamado liberalismo econômico. Estimulou, assim, a competição individual e a ausência de interferências governamentais como alicerces do desenvolvimento econômico.

 

Para saber mais… http://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith#Obra

 

Hegel

 

Tudo faz crer que Georg Friedrich Hegel (1770-1831) era uma pessoa controversa. Bem, pelo menos, suas obras e ideias nunca passaram despercebidas e, até hoje, são defendidas ou odiadas por quem as conhece de perto. Boa parte do que produziu baseia-se no método dialético começado por Sócrates, mas vai além, muito além. Para Hegel, a contradição de ideias e eventos que se relacionam é o que molda a realidade, e a partir desta dialética é possível, até mesmo, atingir o saber absoluto sobre todas as coisas.

 

Para saber mais… Leia “Fenomenologia do espírito”

 

Marx

 

Ele se dizia cansado de ver a filosofia como coadjuvante da sociedade e propôs, então, o desenvolvimento de um pensamento capaz de modificar a realidade. Karl Marx (1818-1883) apoiou-se em críticas aos economistas clássicos, como Adam Smith, para explorar conceitos como alienação, classes sociais, mercadoria e mais-valia, mostrando como o homem operário vivia oprimido. A partir daí, desenvolveu-se o materialismo dialético, o qual, segundo ele, permitiria entender como a sociedade se organizava e o que fazer para torna-la mais justa. Nascia, assim, o ideal socialista.

 

Para saber mais… Leia “O Capital”

 

Bakunin

 

Mikhail Bakunin (1814-1876) chegou a flertar com os ideais marxistas, mas não demorou a concluir que a sociedade, dominado por quem quer que fosse, jamais seria verdadeiramente justa. Por isso, começou a defender as teorias anarquistas, as quais apontavam que a única maneira de acabar com a desigualdade seria banindo o Estado e, assim, vivendo em perfeita comunhão – mesmo que para chegar a isso fosse necessário recorrer a força ou a outros meios pouco louváveis.

 

Para saber mais… http://pt.wikipedia.org/wiki/Mikhail_Bakunin

 

Nietzsche

 

Ao longo da História, poucas pessoas se dedicaram tanto à missão de condenar as religiões e os religiosos quanto Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900). Para ele, qualquer aspiração metafísica seria capaz de limitar o homem, por conduzi-lo a uma moral falsa e impedi-lo de enxergar seus verdadeiros valores e instintos. Ainda segundo sua visão, a libertação acontece quando as máscaras caem e, sem elas, cada indivíduo descobre do que é realmente feito.

 

Para saber mais… http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche

 

Popper

 

Verdade e mentira são conceitos praticamente falidos de acordo com Karl Popper (1902-1994), respeitado filósofo contemporâneo. É que, de acordo com Popper, qualquer teoria pode ser rebatida diante de qualquer constatação negativa, mas nem todo o universo de constatações positivas é capaz de validar eterna e permanentemente uma teoria. Este argumento, chamado falseabilidade, faz cair por terra a ideia de que a observação empírica e metódica de um evento seja suficiente para esclarecê-lo 100%. Ou seja, Popper discorda de praticamente todos os filósofos que o antecederam.

 

Para saber mais… http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper